RANKING OSCAR

A Liga dos Blogues Cinematográficos deu notas de zero a dez para cada um dos filmes que tiveram alguma indicação para o Oscar deste ano. O resultado está aqui.



1 Marcas da Violência
de David Cronenberg
média de 8,77; 34 votos

"A arte de David Cronenberg em Marcas da Violência é a da precisão. O filme – todo previsto no domínio de tom e ritmo exibido pelo cineasta - é o ponto culminante de um processo iniciado no final dos anos 80 onde a imagem dos seus filmes passa a buscar uma coesão e unidade não vistas na sua obra inicial. O roteiro - um primor de construção dramática, vale dizer – é bastante convencional na sua escalada de ações, mas ao mesmo tempo não há nada de simples na forma que Cronenberg nos insere nelas. Um equivalente deste novo trabalho do cineasta seria uma peça musical em que a partitura seria um exemplo de eficiência e facilmente reconhecível, mas cuja execução agarra o ouvinte e o conduz sempre ao inesperado. Os caminhos do filme sempre buscarão levar o espectador e seus personagens a um desconfortável inesperado: do plano geral da família reunida a acudir a filha caçula aos planos individuais dos membros da família sentados a mesa sem saber bem como agir; do homem que domina a personalidade que construiu ao homem cuja dupla personalidade se torna cada vez mais impossível de diagnosticar". (Filipe Furtado, de Anotações de um Cinéfilo, para a Revista Paisá)



2 O Segredo de Brokeback Mountain
de Ang Lee
média de 8,32; 41 votos

"O filme vai aos poucos revelando-se uma bela obra sobre um sujeito completamente desajustado, que não consegue se encaixar no mundo, condenado à solidão. É assim que, a partir de travellings laterais muito bem colocados, belo uso de closes (como quando a mulher de Jack fala ao telefone com Enis) e resignificação dos planos gerais, Brokeback Mountain ganha sua força, contrapondo um personagem principal completamente trancado por dentro com a vasta paisagem da região". (Milton do Prado, em O Olho de Hochelaga)



3 O Castelo Animado
de Hayao Miyazaki
média de 8,05; 18 votos

"A liberdade da mente de uma criança permite viagens inimagináveis para uma pessoa adulta. Criança é livre para vôos imaginários em terras desconhecidas com seres fantásticos. Livre de padrões e de limites que o adulto constrói para cercear sua vida. Criança não precisa do real. Criança não precisa de muros. Pode ver fadas e guerreiros montados em dragões alados. Pode sumir e aparecer em outros lugares. Pode brincar de ser outra pessoa. De ser herói". (Chico Fireman, de Filmes do Chico)



4 Ponto Final
de Woody Allen
média de 7,89; 33 votos

"Em Ponto Final não há Nova York, não temos o menor vestígio de humor e neuroses. Nada se parece como um legítimo filme do diretor que tantos amam e muitos tantos odeiam. O ritmo é mais lento, mas o pensamento continua afiado, agora ao sabor dos ventos britânicos que encarnam na mãe aristocrática e intolerante com a baixa classe das escolhas de seus rebentos. Isso e as elucubrações sobre a sorte de uns e outros (a bola de tênis suspensa no ar, abrindo o filme) são as provas discretas de que não estamos tão distantes assim do velho Woody Allen". (Antonio Saints, em Morning Lemon)



5 Munique
de Steven Spielberg
média de 7,83; 34 votos

"Os planos nos interiores são muitíssimo interessantes, com a luz de fora estourada e tudo do lado de dentro na penumbra. O encontro do grupo liderado por Eric Bana com os terroristas da OLP, na Grécia, é antológico. Gosto bastante da idéia de colocar Eric Bana como um fantasma, um homem sem identidade, tanto porque assim o requere o governo israelense, qanto porque, por agir cegamente, passa a maior parte do filme se escondendo por trás da nação a fim de não ter que escolher o que é certo e o que é errado". (Peerre, em Los Olvidados)



6 O Jardineiro Fiel
de Fernando Meirelles
média de 7,72; 37 votos

"Weisz está explosiva, determinada e ainda doce, já Fiennes faz transformação impressionante em seu personagem, de um amável diplomata apaixonado por plantas em um homem determinado, ressentido, mas fiel a suas convicções, a seu amor. O filme insiste em afirmar que Justin não luta por justiça, está realmente mergulhado de amor, é por amor a esposa que Justin entra na luta por essa causa". (Michel Simões, em CineNetCom)



7 A Fantástica Fábrica de Chocolate
de Tim Burton
média de 7,57; 39 votos

"Tim Burton volta à sua melhor forma em A Fantástica Fábrica de Chocolate, filmado como se hoje fosse 1971, o que é diferente de caracterização de época (já que ele parece não dar muita bola pra isso), e tem mais a ver com uma recriação do que se via/ouvia na época. Para se ter uma idéia, as músicas compostas por Danny Elfman, sem deixar de lembrar Oingo Boingo, remetem à música pop dos anos 70. E tem muito mais..." (Sérgio Alpendre, em Chip Hazard)



8 Boa Noite, e Boa Sorte.
de George Clooney
média de 7,51; 32 votos

"Filme sério, ético e relevante no contexto atual. Classudo, com senso de humor, ótimo elenco, bom roteiro e direção discreta de Clooney. Um tapa de pelica na mídia e uma reafirmação dos verdadeiros valores democráticos. Ah, e tem uma trilha sonora... Mas não é nada que vá mudar a sua vida". (Marcelo V., em Cinema Cuspido e Escarrado)



9 Orgulho e Preconceito
de Joe Wright
média de 7,28; 19 votos

"ADesde o primeiro momento em que temos contato com seu cinema, nota-se alguém extremamente envolvido e conhecedor daquele espaço e daquelas pessoas que nos mostrará ao longo de duas, belas, romanticas e divertidas horas. A câmera passeia por fora da casa acompanhando Keira Knightley, saltitante e sorridente, depois a abandona para entrar na casa e nos mostrar os outros moradores, para em seguida, volta a Keira, a peça central da história. Haveria espaço no filme para tomar vários partidos, tamanha margem de discussões que o conteúdo de Orgulho e Preconceito pode render, e o caminho que Wright traça é o romance. (Henrique Miura, em Arquivo de Filmes)



10 King Kong
de Peter Jackson
média de 7,18; 38 votos

"Peter Jackson mantém o esqueleto do original, mas imprime a própria versão de como o impacto do filme deve ter parecido. Da antiga produção, dá relevo ao que havia de melhor: a composição dúbia do anti-herói que é aquele grande gorila, a sensação de impotência do herói que nunca conseguirá ter a mocinha para si, a bizarra (e, surpreendentemente crível) história de amor da fera pela bela, a composição do personagem do diretor de cinema - que é de longe o sujeito mais corrupto do filme. É como se tivessem entregue o filme ao líder do fã-clube Kong". (Tiago Superoito, em Vida e Época de Tiago Superoito)